É o termo pelo qual se designa o abandono do campo por seus habitantes, parte da população migra em busca de melhores condições de vida de uma maneira geral com carácter definitivo. Transferem-se de regiões consideradas de menor condições de sustentabilidade para outras que lhes ofereça uma melhoria considerável de vida, a cidade.O desequilíbrio entre a população e os seus recursos, a falta de terras para trabalhar, os salários agrícolas muito baixos, os rendimentos dos pequenos agricultores cada vez mais pequenos, o rápido crescimento de implementação mecânica na agricultura e consequente libertação de mão-de-obra, a crises nas colheitas atingidas pela seca, inundações ou doenças, tudo isto são factores repulsivos que contribuíram para um acelerado abandono do meio rural.
É na faixa etária mais jovem que se nota uma maior deslocação de massas, visto que sendo a melhoria de vida uma das causas, é natural que quem se encontre no inicio do seu caminho profissional queira começar da melhor maneira.

Chegados á cidade deparamo-nos com um amontoado de opções que nunca pensáramos existir. Encontramos uma maior diversidade de empregos com uma renumeração significativamente melhor em trabalhos que necessitam de menor esforço físico, o acesso tanto na saúde como na educação e na cultura são facilitados, temos à nossa disposição uma escolha variada de transportes que nos permite a mobilidade e nos incitam ao deslocamento ajudando a uma melhor inserção social.
Estão criadas as condições ideais para uma mudança favorável em todos os aspectos.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística: a escassez de fontes estatísticas disponíveis cria dificuldades na estimação do saldo migratório interno. Portugal é um país sem registos anuais de migrações, por isso, foram seguidas várias abordagens para estimar a componente das migrações.
(Fonte INE- Metodologias de cálculo do saldo migratório interno anual: Três metodologias e a sua aplicação ao caso português – 2003)
Neste estudo conclui-se que para o cálculo do fluxo migratório, os CENSOS, estudo à população que se realiza de 10 em 10 anos, é o que apresenta indicadores mais próximos da realidade.
Apresentando-me como um numero entre milhares, pertencentes à população migratória o meu êxodo data de 1994.
As principais causas que me levaram a trocar a vida pacata e serena do campo pela agitada e barulhenta cidade foram, o inicio de uma carreira profissional promissora e estável, bem como um futuro que me permitisse construir a minha base social.
Isto é, evoluir com tranquilidade para as fases seguintes da vida, a casa, família, filhos entre outras.
A estabilidade de emprego conseguida foi o grande passo na minha vida, alistei-me na Marinha de Guerra Portuguesa, ingressando passados 3 anos nos quadros permanentes.
A gestão da carreira tem sido uma constante, através de cursos internos a nível de especialização e graduação, alguma outra por iniciativa própria frequentando cursos de informática e sistemas, como também de reciclagens a nível de língua Inglesa.
A maior dificuldade com que me deparei, foi a minha inserção social, visto que ao contrário de muitos que também mudaram do campo para a cidade, em que na sua chegada foram integrados nas suas famílias ou em comunidades de amigos da terra natal, eu não tive quem me apresentasse à cidade.
Foi o companheirismo encontrado na vida militar, a troca de experiencias de vida através de histórias relatadas na primeira pessoa que me fez levar com agrado e não com receio a minha infiltração aos poucos na vida e hábitos citadinos.
A minha vida social não só dentro da instituição militar como também fora dela foi brotando e com o tempo, crescendo cada vez mais.
A minha falta de mobilidade na cidade já quase não se notava, a compreensão do funcionamento dos transportes públicos passou a ser uma mais-valia para conhecer os pontos de referência mais importantes do dia-a-dia. Quer na procura de uma instituição para tratar de assuntos de carácter profissional que do foro social.
Outra das dificuldades encontradas, foi o tipo de relacionamento, ou falta dele, entre as pessoas da cidade. Enquanto nas aldeias, um vizinho é um amigo, um conhecido retribui um cumprimento; na cidade é difícil estabelecer uma relação de vizinhança ou de simples amizade.
As dificuldades com que me deparei, foram também colmatadas com, o acesso mais fácil à cultura, nomeadamente, uma ida ao cinema, teatro ou mesmo uma saída nocturna (bares, espectáculos, discotecas).
Nem tudo é um mar de rosas, infelizmente nem todos os casos terminam em sucesso de inserção social. Existe um quase paralelismo de casos de insucesso que conduzem à face negativa do êxodo rural. O aumento rápido e excessivo de população nas cidades ultrapassa a oferta de empregos, dando origem a problemas sociais.
A situação de desempregado involuntário alargado e a consequente necessidade de ajudas sociais, leva à formação de bairros de habitação social, empregos precários e desajuste do tecido social.
Neste momento, a minha experiencia pode ser considerada positiva, visto que consegui atingir alguns dos objectivos que me impulsionaram o meu êxodo para a cidade.


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